Agora que passei dessa tão temerosa fase, posso escrever com mais tranquilidade por tudo que passei nesses três primeiros meses de gestação.
Em resumo: Não foi fácil. Psicologicamente e fisicamente. Não desfrutei daqueles pensamentos romantizados que algumas mulheres tem quando engravidam. Não me senti mãe e me culpei alguns dias por isso.
Como meu histórico não estava a meu favor (clique aqui) meu médico foi extremamente cauteloso e realista comigo. Um terceiro aborto poderia acontecer, ou então um dos gêmeos poderia não evoluir. Tinha que estar preparada pra tudo. Esse foi um dos principais motivos pelo qual tentei bloquear qualquer “empolgação gestacional”, porque não queria ter que conviver com uma nova dor de perda. Então criei uma barreira meio grande entre eu e os bebês no começo.
Além disso pra muitas mulheres o primeiro trimestre é cheio de desconfortos, e comigo foi exatamente assim, uma lista de coisas que misturadas me fizeram passar por bons bocados fisicamente.
- Arrepios
- Seios doloridos
- Muuuuuuuuuuuuuuuuuuita azia
- Falta de apetite
- Tontura
- Enjoo (um pouco, ainda bem)
- Intestino preguiçoso
- Vontade de fazer xixi a toda hora, inclusive de madrugada
- Olfato apurado – o que me deixou com enjoo do cheiro de algumas coisas
- Alteração de humor
- Muito cansaço
Além de tudo isso, lá pela 9° semana ganhei de brinde um descolamento, que no meu caso poderia ser um indício da perda de um dos bebês. Quando isso acontece, a receita é bem básica: Progesterona e repouso absoluto. No meu caso absoluto MESMO. 15 dias de molho (só deitada), da cama para o sofá e vive e versa sem autorização para levantar até para tomar banho!!! Só poderia levantar para ir ao banheiro e banho só quando não aguentasse mais resistir. Foram 15 dias de angústia pura. Confesso, fiquei depressiva com meus banhos de paninho (que o Gabe tinha que me dar) e minha total falta de mobilidade.
Sou uma pessoa muito ativa, gosto de fazer tudo ao mesmo tempo e ficar presa na cama por tanto tempo (em pleno verão) me deixou quase maluca (sem contar no fator banho que foi um agravante psicológico). Não conseguia pensar nos bebês, só pensava na privação que estava sofrendo e aí me culpava por isso… Engraçado que ao mesmo tempo eu consegui cumprir essa missão com um certo equilíbrio espantoso que brotava sei lá de onde. Parece uma coisa…
Quando não estava bem, o apoio do Gabriel (marido) e dos meus pais foi fundamental. Sabia que esse sacrifício tinha um propósito maior e muito nobre, eles me lembravam o tempo todo disso e fui me apegando a essa ideia… Aquelas vidinhas de 3 centímetros precisavam que eu ficasse quietinha pra eles ficarem bem.
Quando fechei os 15 dias e refiz a ecografia, o descolamento já não estava mais lá. Na sequência fui no médico e ele me disse: Então Rubia, acabou que tudo valeu a pena.
Nessa hora me bateu um orgulho, uma alegria, nada daquilo tinha sido em vão. Consegui entender isso com mais clareza. Eles estavam bem, maiores, mas fortes e saindo daquele terrível período de risco. Foi aí que passei a entender a responsabilidade que estava nas minhas mãos, e também a me permitir a acreditar que dessa vez tudo ia dar certo.
E assim terminei as minhas primeiras 12 semanas.. Nada mágico e romântico como acontece com muitas mulheres. Foi um começo difícil mais que rendeu dois frutinhos vivos e serelepes ♥♥